Carta pede o "fim da guerra entre religião e direitos humanos'; Polícia Militar quase dobra efetivo da parada
Fonte: Folha de São Paulo
GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO
Com o slogan "Amai-vos uns aos outros: basta de homofobia", a Parada do Orgulho Gay acontece no próximo dia 26 na av. Paulista, em São Paulo. A organização espera 3 milhões de pessoas.
O tom religioso, com o uso da frase bíblica, da 15ª edição do evento ocorre em meio às discussões para a aprovação do projeto de lei contra a homofobia no Congresso Nacional, que acirrou o embate entre evangélicos e entidades de defesa dos homossexuais.
"Como podem essas pessoas [religiosos] tomar para si uma frase para fazer exatamente o contrário do que ela determina?", afirmou Ideraldo Beltrame, coordenador do evento, numa crítica a católicos e a evangélicos.
Beltrame lançou a campanha com uma "carta aberta contra o conservadorismo e o fundamentalismo". Com a frase, a organização pede o "fim da guerra entre religião e direitos humanos".
A Folha não localizou ontem membros da bancada evangélica no Congresso.
A Igreja Católica diz que concorda com o slogan. "Mas a igreja se reserva o direito de ser contra a união homossexual", disse o padre Antonio Pereira, porta-voz da Arquidiocese de São Paulo.
Quem deve fazer a abertura da Parada do Orgulho Gay é a cantora Preta Gil, que discutiu na TV com o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), contrário aos direitos dos homossexuais. Preta o acusa de discriminar negros e gays.
Para comemorar os 15 anos da parada, DJs vão fazer versões da valsa "Danúbio Azul", já que o evento vai "debutar". "Será um baile de 1 milhão de casais na av. Paulista", disse Beltrame.
A organização prevê também um show de encerramento, mas as atrações ainda não estão definidas.
SEGURANÇA REFORÇADA
A PM anunciou um reforço no policiamento da parada deste ano em relação a 2010, quando o público foi o mesmo estimado para agora. Foram 800 PMs na edição passada; serão 1.500 este ano.
A polícia orienta os participantes a andar sempre acompanhados e a evitar locais ermos. Em novembro de 2010, quatro adolescentes atacaram três amigos gays que passavam pela avenida Paulista. Uma das vítimas foi ferida no rosto após ser atingida com lâmpadas fluorescentes.
Na noite de ontem, hackers invadiram o site oficial da Parada Gay. "Deus criou o homem e a mulher, não existe terceira opção! (site hackeado!)", dizia a página principal. Os organizadores disseram que vão registrar um boletim de ocorrência.